segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Bastardos e Imorais.

Em dias de eventos mundiais nossos olhos costumam voltar-se mais a nação a qual pertencemos.
Seja para oferecer apoio, depositar expectativas, bater no peito de orgulho ou descer o porrete em críticas.
Mas os olhares estão lá.

Fui uma das pessoas que nesses dias de Olimpíadas, criticaram o Brasil veementemente, com ironia e sarcasmo.
O insucesso dos atletas brasileiros desperta indignação no povo. Povo que trata as vitórias como 'obrigação' e as perdas como 'fracasso e desserviço à Nação'.

Dias atrás fui golpeada por um texto compartilhado por um primo meu. Esse texto falava da indignação do autor (Rafael Farnezi) em ver a cobrança feita pelos brasileiros em cima dos atletas.
Esquecem que durante os quatro anos que separam uma olimpíada de outra, eles são totalmente esquecidos e lutam com todas as suas forças, força essa que deveria ser direcionada apenas para melhorar seu rendimento, para conseguir por exemplo uma inscrição de uma determinada competição, bancar uma passagem aérea para competir, ter uma boa suplementação, ter um equipamento básico, e muitas reticências........ pois os exemplos do que o atleta brasileiro passa para tentar figurar entre os melhores do mundo são inacreditáveis. Infelizmente tenho que concordar que o Brasil é o país do futebol, isso é mais do que claro, e esse sim é o único esporte que o Brasil tem a obrigação de no mínimo conquistar o 1º lugar, não considero nada menor do que isso aceitável, pois é nele que todo o dinheiro do nosso país é destinado, é nele que estão as grandes "estrelas" multi milionárias que rasgam dinheiro para chutar uma bola. Já que todas as outras modalidades vivem sob sua sombra, o mínimo que se espera é uma medalha de ouro.
E pois é, ele tem total razão. Exigimos de mais daqueles que gastam toda a sua energia, lutando pra serem bons atletas, representando um país que visivelmente não demonstra interesse em investir neles.
A crítica do autor se volta para o excesso de investimento em futebol e a falta de investimento em outros esportes. Ok! Mas meu ponto não é esse.

Eu me pergunto (com o perdão das expressões): que país é esse que, com sua bunda enfiada em um sofá, critica atletas que lutam e representam muito bem seu país e, com a bunda permanecendo enfiada em um sofá, se cala diante de tanta corrupção, desigualdade, violência e negligência.

Somos um povo virtualmente cheio de argumentos, mas inerte.
Postar, curtir e compartilhar textos, frases e fotos não nos tornam heróis e nem se quer manifestantes.
(Os "Caras-Pintadas" que o digam!)


Não tem mais o que dizer, o governo de um país é reflexo do povo.
A "democracia" torna o povo inescusável diante da corrupção.
Digo "democracia" porque não acredito que seja plenamente democracia levando em conta a grande parcela que temos de mentes manipuladas e compradas por terem suas "necessidades supridas".

Além do que, votar em gente famosa (tipo tiririca) como protesto é muita falta de inteligência.

Somos um povo superficial, que ama tudo o que vem de fora e pisa no valor da própria Nação.
Não sabemos o Hino, temos preconceito com os indígenas, não conhecemos nossa história.
Desvalorizamos nossa própria cultura, votamos em famosos imbecis que se tornam candidatos, destruímos a beleza natural que tinhamos.
Nós, mulheres brasileiras, somos conhecidas internacionalmente por termos "muita bunda e pouco cérebro".
Até nas redes sociais somos conhecidos como "sem moderação".

Corrupção na política, hospitais abandonados, comunidades carentes em constante guerra entre tráfico x polícia, moradores de rua tornando-se parte da "paisagem".
Professores ameaçados por adolescentes mimados que não recebem educação nenhuma em casa.
Pais negligentes que querem dar a melhor vida para seus filhos e sem saber criam jovens entupidos de arrogância e estupidez.
E assim continuamos dando um belo de um "Dane-se" para aqueles que precisam de voz.
E continuamos calados, diante daqueles que deveriam ser parados.

Hoje fiquei chocada com uma piadinha que li no Facebook.
Uma foto que tinha uma criança sem os braços e controlava o video-game com os pés e tinha a seguinte frase: "comprei o video game, agora só falta comprar os braços".
Assim que manifestei minha indignação tive que ler respostas do tipo: "humor negro é que nem braço, uns tem outros não".

Gostaria de parabenizar pessoalmente os pais desses adolescentes, pelo excelente trabalho que tem realizado em formar mais imbecis para esse país.
Gente que não respeita quem tem deficiência não vai respeitar quem é 'igual' (naquelas né? porque pra ser igual a essa gente tem que estar mais pra animal mesmo).

Como cristã olho pra tudo isso e peço domínio próprio.
Peço sabedoria pra falar, peço ajuda pra agir.

Como brasileira penso que todos temos duas opções: odiar o país pelos problemas que tem e idolatrar outras nações porque são melhores, ou enfim levantar a bunda da cadeira e fazer alguma mudança acontecer.

Somos bastardos quando nos degeneramos daquilo a que pertencemos. É nossa Casa, nossa Nação! Chega de bater no peito por ser brasileiro só quando vale medalha ou alguma taça.

Somos imorais quando não temos valores ou não lutamos pelo que temos. Quando queremos ser famosos por idiotices ou quando vemos o baixo nível representando todo o resto e nos calamos (ou batemos palmas).

Eu acredito numa geração de jovens que pode mudar mentes, corações e atitudes.

"Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.
Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada! 
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!"


Por uma nação justa, com jovens íntegros e um povo digno de ser chamado de brasileiro.




Sarah Furtado Provenzano, brasileira por nacionalidade e escolha de coração.

3 comentários:

  1. Texto MUITO bom Sah!! Cada dia mais as pessoas acham normal a corrupção, as coisas ilícitas, as coisas fúteis e principalmente as coisas idiotas e sem valor... e por achar tão normal, não se preocupam em mudar ou unir forças para fazer a diferença...já se acostumaram a se sentir vencidas, já aceitaram o cabresto!! Andar sem ele depois é muito complicado! Abandonar o condicionamento de mente que nossa cultura, nossa TV e nossas redes sociais operam é um processo muito mais dolorido e difícil do que o de ser condicionado. O condicionamento não exige esforços, é mais fácil se deixar manipular. Pensar, querer, trabalhar são coisas muito cansativas, são perda de tempo!! essa é a visão é a realidade dessa geração e poucas são as exceções!
    Acredito muito em unir forças e alinhar visões, pois só assim existirá força suficiente para mudar mentalidades e levantar reflexões relevantes como essa. Parabéns, linda!!

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  2. Qual é o seu número mesmo pra eu votar em você?
    hahahaha brincadeiras a parte.
    Amei o texto!!!
    "Somos um povo superficial, que ama tudo o que vem de fora e pisa no valor da própria Nação.
    Não sabemos o Hino, temos preconceito com os indígenas, não conhecemos nossa história.
    Desvalorizamos nossa própria cultura, votamos em famosos imbecis que se tornam candidatos, destruímos a beleza natural que tinhamos.
    [...]Somos bastardos quando nos degeneramos daquilo a que pertencemos. É nossa Casa, nossa Nação! Chega de bater no peito por ser brasileiro só quando vale medalha ou alguma taça."
    Falou tuuuuudo! Concordo plenamente! Somos um povo, que infelizmente, foi ensinado a amar o que é de fora e desvalorizar o que é de dentro. Vemos os outros países celebrando em datas que carregam as histórias de suas nações e nós apenas valorizamos as nossas datas comemorativas por serem feriados onde poderemos descansar. Mal sabemos nossa história e nem sequer ligamos muito para isso. É triste!
    Fiquei de cara! hahahaha
    Parabéns, Sarah!

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